O sujeito despe-se e a obra nasce”

O sujeito veste-se
e a obra, permanece morta de si.
E as estrelas, todas elas em líquido
pousam sobre a minha testa de prata.
E o reflexo, história do pensamento
humaniza-se
em contornos de pele
aberta e fechada em feridas de tinta.
Eis a a carne
dos ossos em fuga.
A poesia dos planetas
que bate, no azul em sangue
de vermelho cinza, de roxo esquecido.
E o meu corpo é uma montanha sagrada, que repousa
horizontalmente, em movimentos
de não pertença.
A luz respira. O mundo dobra-se. E em si
a morte, em sombrios batimentos de carne, desperta
do deu sono sem dogmas.
Região aquosa, veias em útero
órgãos ainda inconsistentes, ainda sem.
E o fundamento primeiro da civilização sem gelo (sem ossos)
e sem justificação aparente.
É a socialização da morte, velada
e em inigualável beleza, vivida
sábia, desvelada de si.
É como o desejo que arde em.
Sémen que repousa nu.
Coração da mente que pulsa se.
E pelas sombras das cavernas, em
afectos líquidos, sobrevoo figuras de sangue
compostas em frágeis laços de um
tom azul afiado
sempre belo
(mas não mais belo)
que a própria morte.
E aquele reflexo da condição humana
é agora o cheiro em escuta.
Insonoro silencio em.
Tom de.
Afecto sem.
Daí que apenas as cores
sustentam
em respiração
o mundo
aparentemente composto de.
De traços e linhas e forças. De virtudes
criadas em modos de ser. Influxo de.
Sensações de
conceitos paralisados.
Independentes. Em devir de.
Revelação do. Ser. Lágrimas.
Contingente.
E o sujeito
despe-se.
E a obra
nasce.
Autónoma de si
cria-se
em si
e apaga-se-nos a consciência.